Profetas da Ecologia
Relatos de uma experiência
Reunião quinta feira, dia 19 de outubro de 2006.
por Bruno Euphrasio de Mello,
estudante de arquitetura, UFRGS
Fomos convidados para uma reunião no Profetas que trataria do relato do desfecho da busca de recursos junto à Caritas para a construção da gaiola para receber o lixo que chega pelo DMLU, para acondiciona-lo de maneira mais adequada, que não fique pelo chão tomando chuva e perdendo valor comercial. A noticia que tínhamos era que o recurso seria liberado, o que faria com que nós tivéssemos de retomar o projeto da gaiola, refinando-o, detalhando-o e realizando um orçamento mais preciso.
Ao chegarmos conversamos com os dois rapazes que foram transferidos por Pedro do Profetas II para o I. Eles participaram de oficinas da Semana Acadêmica da Faculdade de Arquitetura e nos dispusemos a realizar algo parecido com a oficina com material reciclável para os trabalhadores da Associação caso eles tivessem interesse. A conversa foi breve e logo fomos para a reunião na salinha do segundo andar do antigo galpão. Seu Galdério trabalhava na prensa, Eliane na oficina de papel. Entramos e subimos rápido para a reunião. Estiveram presentes nela, em roda, e nessa ordem, Ezequiel, Camila, eu, Nair, Rodrigo, Maninho 01, Maninho 02, Cíntia, Leonardo do CAMP, Marcelo estudante de arquitetura que aproximou-se dos trabalhos do profetas da ecologia a partir das apresentações que fizemos no DAFA e Fernanda.
Leonardo iniciou o encontro explicando o que é a Caritas – instituição da igreja católica que financia e apóia pequenos projetos – e relatando o processo de pedido do recurso. Disse que na semana passada o projeto havia sido aprovado e que em breve os três mil reais seriam liberados. Contou-nos que o projeto fora classificado como projeto de geração de renda, o que acarretava na obrigatoriedade da Associação ter de devolver trinta por cento do valor cedido em três anos. Ainda, como o CAMP responsabilizou-se por acompanhar o processo de trabalho junto à Associação, a Caritas eximir-se-ia de acompanhar os desdobramentos da injeção daquele montante. O CAMP fará o repasse. Há ainda disponível os dois mil e quinhentos reais que a Prefeitura Municipal repassa mensalmente à Associação, depositando o recurso na conta do Irmão Antonio Cechin, responsável legalmente pela movimentação financeira, que pode auxiliar nos trabalhos de readequação do local.
Passamos a discutir então nossos prazos de entrega do projeto da gaiola finalizado e listagem de demais demandas da Associação referentes ao local. A lista era grande. Instalação elétrica, vazamentos, reforma de banheiros. Todavia era consenso de que a prioridade era a construção da gaiola. Achei o grupo da coordenação mais falante, mais participativo, principalmente os dois novos e Nair. Um desses novos membros transferidos do Profetas II sentenciava com segurança. “Trabalhamos com o tempo, nossa hora de trabalho é valiosa. Não podemos perder mais tempo arrastando o bag lá da frente até a prensa lá no outro galpão. Quanto mais pudermos economizar de tempo e esforço maior será nosso lucro.”
Depois dessa reunião fomos retomar os trabalhos nos banheiros. Foi aí que vi pela primeira vez que é o atravessador. Antes só via os caminhões indo buscar o material separado. Junto com os caminhões que embarcavam os materiais dos bags e os poucos fardos de material prensado ele chegou de vectra. Sempre pensei que ele tivesse um fusca e fosse quase tão pobre quanto os trabalhadores da triagem. Acho que me enganei. Ou talvez não. Quem vê carro não vê coração.
07/10/2008
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