06/10/2008


























REABILITAÇÃO DO GALPÃO DE TRIAGEM
PROFETAS DA ECOLOGIA I
Prof. Fernando Freitas Fuão. Arquitetura. UFRGS (Coordenador), Ezequiel Pavelacki. Agronomia. UFRGS (bolsista PROREXT), Camila Bernadelli. Arquitetura. UFRGS, Bruno E. de Mello. Arquitetura. UFRGS, Camila Rocha. Arquitetura. UFRGS, Fernanda Antonio. Arquitetura. UFRGS, Felipe Basso. Engenharia Elétrica. UFRGS, Antonio Pedro Figueiredo, Eliane Nunes Peres. Associação Profetas da Ecologia I.

RESUMO
A ação em desenvolvimento constitui-se na elaboração de um projeto arquitetônico de requalificação do Galpão de Triagem de Resíduos Sólidos da Associação Profetas da Ecologia, reestruturando esse espaço mediante um projeto de baixo custo e de sustentabilidade ambiental, promovendo melhores ganhos econômicos e sociais desde a catação do lixo, assim como melhores condições de habitabilidade de seus trabalhadores. O projeto prevê a conclusão da construção do novo galpão de triagem previsto pela Prefeitura no Programa “Entrada da Cidade”, Porto Alegre, Brasil, até hoje inacabado; a criação de novos sanitários-vestiários, a instalação de uma oficina de papel que já está em funcionamento, oficinas de mosaico, sala para produção de artesanato a partir do lixo seco, sala para corte e costura, um pequeno espaço para recreação dos filhos das trabalhadoras, salão de festas, pavimentação das áreas abertas, e ainda a proposição de criação de espaços que permitam outras formas de economia como: orquidários, floriculturas, um pequeno espaço para cultivo de pomar e horta ao do longo do viaduto e da via férrea. A referida Associação está composta, em média, de 25 associados que sustentam suas famílias, exclusivamente da triagem do lixo fornecido pelo DMLU.


PALAVRAS-CHAVES: Galpões de Triagem, Lixo, Arquitetura e Inclusão Social

ABSTRACT

Action in Progress is the drawup of of the Profetas da Ecologia assocation`s recicling place redrawng the space by a low coast architectural plannin, inproving the economical and social gan of the people who working in garbage`s selection. The project consists n the construction of a new garbage selection and social place from the city hall`s ‘”Entrada da Cidade de Porto Alegre, Brazil” program not finished until now. It consists in the creation of news changing rooms and bathrooms, workshops for handcrafts like handcraft paper, wawing, mosaics, dry garbage design and children`s recreation place, party room and plantation.The association is composed by 25 persons whom supports their families with the garbage`s selection.


KEY WORDS:
garbage, social architecture, garbage place


O cotidiano dos Profetas
O galpão recebe o lixo da Coleta Seletiva da Prefeitura Municipal de Porto Alegre através dos caminhões do Departamento Municipal de Limpeza Urbana. Os trabalhadores separam cerca de 15 tipos diferentes de materiais, desde os que tem efetivo potencial de venda - garrafas PET, plásticos, papéis – até os materiais de nenhum valor de troca e rejeitos. Há materiais que sazonalmente tem potencial de venda, como o caso isopor. Quando há comprador ou o valor justifica sua separação ele é separado e enfardado. Quando seu valor cai em demasia ou não há compradores ele vai para o rejeito. São toneladas de lixo por dia. Durante muito tempo a Associação vendia seus materiais prensados e enfardados. Todavia, a partir de uma reflexão sobre a cadeia produtiva e a produtividade dos trabalhadores houve uma mudança de orientação na forma da venda do material separado. O material é, atualmente, vendido nos bags, sem serem prensados. Os trabalhadores optaram por essa mudança, pois sem a prensagem, gasta-se menos recursos com a eletricidade consumida pela prensa além de liberar um trabalhador para outros trabalhos. Com menos gastos e mais produção o salário no momento da partilha aumenta. Os fardos prensados só são favoráveis aos atravessadores que tem possibilidade de estocar em menor área mais material. Os fardos são vendidos quinzenalmente, e a cada partilha o trabalhador recebe R$ 150,00 em média, que depende do resultado da produção coletiva e de suas horas trabalhadas. A carga horária é de oito horas diárias com pequenas pausas no turno da manha e da tarde para descanso e café. Atualmente, a coordenação da Associação está nas mãos de quatro jovens trabalhadores, todos eles com menos de 25 anos. As coordenações são rotativas e eleitas em reuniões. As mulheres trabalham nas mesas, separando o material. Resta aos homens o serviço mais pesados de carregar as bombonas e os bags, bem como a operacionalização da prensa. Também é escolhida uma cozinheira, entre as trabalhadoras, para preparar o almoço e o café. O segurança mora em um quarto nos fundos. Há muita rotatividade entre o pessoal que trabalha no Galpão, devido ao trabalho que se constitui em um ‘provisório’, mas que, dependendo da oferta de oportunidades e da situação do trabalhador, às vezes é definitivo. Todas as segundas-feiras acontecem reuniões onde discutem e decidem assuntos ligados ao galpão e aos trabalhadores. A situação dos Profetas quando chegamos As condições de habitabilidade e higiene do conjunto arquitetônico da Associação Profetas da Ecologia eram bastante desfavoráveis. Havia um grande galpão com mezanino, que foi construído durante a fundação da Associação que servia de espaço de separação. Apesar de muito sujo estava em condições razoáveis, não apresentando problemas estruturais, patologias sérias nas alvenarias ou cobertura danificada. . Porém, esse galpão não é apropriado para a atividade de triagem de lixo que realizam, pois é pouco ventilado e iluminado e não foi projetado de maneira que houvesse uma linha produtiva bem definida com espaços de entrada e saída do lixo distintas e organização satisfatório do espaço das mesas de triagam. Há sobreposições de fluxos e confusão de circulações que dificultam o trabalho e tornam o ambiente mais insalubre. Esse espaço contava com uma cozinha de tijolo à vista, sem revestimentos nas paredes, sem pinturas, com piso cerâmico quebrado e, ainda com problemas de vazamento das tubulações de água servidas do banheiro do segundo pavimento pingando em seu interior. Era escura e parecia pouco higiênica. Hoje, não mudou muito. Ao lado, situa-se um pequeno refeitório onde costumam fazer as refeições e as reuniões, onde não havia nem toalha de mesa. Sua posição no organograma de ordenamento das funções é muito ruim. Infelizmente, ele abre-se diretamente para a zona de triagem e estocagem do lixo, onde proliferam ratos, moscas e baratas que transitam do lixo para o refeitório e vice-versa. Nesse mesmo prédio, no segundo pavimento, no mezanino, situa-se uma sala de aula e uma sala administrativa em estados satisfatórios, e dois banheiros que estão interditados. Aos fundos desse galpão, estão os sanitários-vestiários, e o quarto do vigia, localizados num pequeno prédio, quase em ruínas, em estado lamentável de higiene e habitabilidade, disputando o espaço com os bags cheios de lixo triado, que se amontoam no pátio dos fundos. Tudo emergencial e precário. Na parte da frente do conjunto, embaixo dos dois viadutos que passam por cima do terreno, existem, além do galpão, duas edificações que fazem parte de um acordo entre o Profetas da Ecologia e o PIEC (Projeto Integrado Entrada da Cidade) da Prefeitura Municipal. Um dos prédios eles chamam de “box”. São dez cubículos, “garagens” que serviriam para que os carrinheiros pudessem separar o seu lixo, sem levá-lo para suas casas. A outra, é onde deveria funcionar um novo galpão de triagem. Nenhum dos dois projetos foi executado até o final: apenas três “boxes” cumprem sua função e o novo galpão não tem nada além de paredes. Muito dos sacos de lixo são colocados a céu aberto, sob chuva e o sol e, curiosamente, esse lixo muitas vezes é hospitalar, por falta de espaço de armazenagem e de uma melhor administração. Esse ‘conjunto externo’ conta ainda com dois banheiros (box e sanitários), também inacabados. O pátio de entrada, como não é pavimentado, costuma ficar um enlameado nos dias de chuva. Mistura-se a essa lama um mosaico de pequenos fragmentos do lixo separado – tampinhas, pedaços de papel, sacolas. Muitos materiais, sucatas principalmente, são empilhados ao ar livre a espera de comprador, juntamente com as garrafas, latas e vidros quebrados. Tudo muito caótico, onde só o lixo parece reinar. Nunca houve um projeto que previsse a sustentabilidade e o crescimento a médio e longo prazo da Associação e da própria arquitetura desse espaço. Tampouco houve a preocupação de tornar o espaço em potencial local para capacitação profissional objetivando alternativas de trabalho e renda distintos ao trabalho com o lixo. Outros dados são relevantes para o entendimento da Associação, como identificou Pedro Figueiredo: 70 % destes trabalhadores são mulheres, na grande maioria chefes de família. Recentemente uma grande quantidade de jovens, na faixa de 17 a 24 começa a procurar trabalho nos galpões. Nenhum dos associados recebe bolsas ou qualquer incentivo do governo. Identificamos muitas dificuldades do Galpão, não diretamente arquitetônicas, mas que incidem sobre o espaço. Às vezes, eles não têm o lixo necessário parta trabalhar, e nem a sistematicidade necessária de suporte a seus trabalhos. Não há um lugar como creches para deixar os filhos destas trabalhadoras. Isso se reflete diretamente nas atividades dos galpões, como a grande quantidade de faltas, afetando diretamente na produção. Como elas ganham o que produzem, as horas faltadas reduzem o salário recebido no dia da partilha. A dificuldade apresenta-se também na falta de vagas na escola pública, é uma imensa luta por vagas para as primeiras séries. Muitos poucos dos jovens que trabalham junto aos galpões estudam. Não sabem bem para que estudar. Com baixa escolaridade e pouca capacitação profissional seu leque de opções de emprego se fecha e, com ele, reduz-se a faixa salarial. Esses jovens já não procuram mais trabalho no centro da cidade, por que eles sabem que falta-lhes mesmo oportunidades. São jovens, na maioria negros ou mestiços, socialmente identificados pelo aspecto físico como jovens de periferia. Muitas vezes são barrados ao atravessarem o Shopping DC Navegantes. Observamos também um rodízio muito grande dos trabalhadores. Um dos motivos é o baixo rendimento. Oportunidades de ocupações com carteira assinada ou qualquer outro tipo de benefícios são extremamente sedutores. Quando aparecem não há quem resista. A grande oferta de material fez com que os preços caíssem vertiginosamente nos últimos oito meses. Aumentou a oferta e o preço caiu. Os trabalhadores dos galpões, que dependem da coleta pública, tem que separar todo o tipo de material – mesmo os que não dão lucro – e acabam ficando com ganhos menores diante daqueles que vão para a rua com seus carrinhos, e que selecionam previamente aquilo que lhes dá mais lucro. Há relatos dos trabalhadores da Associação de que atualmente os próprios funcionários do DMLU, que trabalham nos caminhões de coleta pela cidade e levam o material para os galpões, andam separando o material mais rentável para eles próprios. Chegam então nas Associações o material descartado por essas duas pré-triagens – a dos carrinheiros e catadores informais das ruas e dos trabalhadores dos caminhões de lixo. Também, não há nenhuma espécie de apoio psicológico ou médico. Temos tentado dentro da UFRGS e não conseguimos. Este rodízio favorece o fortalecimento de lideranças fortes, que começam a deter informações estratégicas para a continuidade dos coletivos, e aí empregam parentes e pessoas de seu absoluto controle. Introduz-se aí uma espécie de ‘elitismo’ num quadro pretensamente coletivista e de hierarquicamente horizontalizado. A perpetuação junto aos postos de direção estimula a manutenção de uma hierarquia na qual a cúpula mantém e acumula as facilidades de acesso aos recursos, informações e conhecimentos. Os contatos institucionais ainda são poucos. O poder público tem a necessidade de resolver o problema do lixo da cidade, mas não consegue resolver efetivamente. Por isso a ação das ONGs e dos parceiros neste processo é fundamental. Elas estão mais próximas ao dia-a-dia das atividades, ao cotidiano dos grupos, conseguido estabelecer esta relação entre, no caso o DMLU, e as outras necessidades dos coletivos. Há uma deficiência na relação com o mundo das empresas. O Profetas da Ecologia é ainda pouco articulado. Até o presente momento não havia uma história escrita da Associação nem um folder, um book de apresentação da Associação. Como captar recursos sem esse cartão de apresentação? Empresários sensíveis existem, mas existe um número maior de pessoas a serem sensibilizados ainda.

O Projeto
Nossa ação visa à elaboração de um projeto arquitetônico de requalificação do espaço da Associação Profetas da Ecologia, assim como a viabilização de sua construção. Quando começamos a ação, há três anos atrás, já conhecíamos nossa limitação, no sentido de efetivar o projeto que estávamos propondo. Havíamos, de entrada, nos colocado o pequeno desafio de arrumar o vazamento do cano de esgoto que caía diretamente na cozinha e colocar um forro. Não havia recursos para isso, pensamos algumas estratégias como, por exemplo, fazer um almoço beneficente. Conseguimos parceiros até para fazer o convite, mas não “vingou”. Problemas de logística, como dizem hoje. Não havia pratos e talheres em condições, faltavam panelas para cozinhar para um monte de gente, etc. Um ano se passou e não conseguimos colocar o maldito forro na cozinha. Conseguimos sim, naquele ano, elaborar o projeto arquitetônico, mas logo compreendemos as dificuldades de execução. O projeto de requalificação prevê reestruturar esse espaço mediante um projeto de baixo custo e com sustentabilidade ambiental, promovendo melhores ganhos econômicos e, principalmente, sociais a partir da triagem do lixo. O projeto prevê a conclusão da construção do novo galpão de triagem proposto pelo PIEC e até hoje inacabado, dos sanitários-vestiários, que nós mesmos, com apoio de alguns dos trabalhadores, estamos revestindo com mosaico feitos a partir de restos de azulejos que catamos nas ruas. Propusemos, ainda, a instalação de uma oficina de papel que já está em funcionamento graças à parceria com o curso de Design da Faculdade UniRitter, Trensurb e o CAMP. Também, pensamos uma oficina de mosaico como alternativa de trabalho ao lixo, sala para produção de artesanato a partir do lixo seco, sala para corte e costura, e um pequeno espaço para recreação dos filhos das trabalhadoras. Enfim, transformar o grande espaço do galpão, não só num salão de atividades produtivas, mas também num espaço onde pudéssemos celebrar as festas. Pensamos, ainda, em alojamento para vigilante, pavimentação das áreas abertas, a proposição de criação de espaços que permitam outras formas de economia como: floriculturas, um pequeno espaço para cultivo de pomar e horta ao longo do viaduto e da via férrea. A melhoria da cozinha e do refeitório, resolvemos dar inicio nós mesmos, colocando alguns azulejos que conseguimos de doação nas paredes. Fazendo e aprendendo. Em suma: o projeto inclui a transformação do atual galpão em um centro social-cultural com a instalação da Oficina de Papel, salas para cursos, oficina de mosaico, entre outras atividades, mantendo apenas a administração, a cozinha e o refeitório, que seria ampliado com a mesma função. Para isso, deslocamos o trabalho de triagem para o galpão antes inacabado, mas que agora, concluído, conta com cobertura, piso de concreto com ralos, gaiola para recepção de material que chega para ser triado e puxado para armazenagem do que está separado e pronto para ser vendido. Para a cobertura colocamos uma estrutura simples de madeira que se apóia nas paredes e no viaduto e cobrimos com lona transparente, tudo muito simples, barato. A gaiola receptora de material foi projetada com o auxilio dos trabalhadores do galpão incorporando inúmeras de sugestões advindas da experiência cotidiana de trabalho. A discussão da necessidade de colocação de ralos ou calhas para escoamento da água de dentro do galpão para facilitar periódicas lavagens levou uma dúzia de dias. Finalmente conseguimos convencer o executor do piso da necessidade imperiosa dos ralos. Procuramos levar em conta, na hora da elaboração do Projeto, alguns subsídios oriundos da Pesquisa “Unidades de Triagem, um estudo sobre normativas e proposição arquitetônica” (Arquitetura. UFRGS. CNPq). Acreditamos que um projeto arquitetônico para os galpões de triagem deve passar pelos seguintes critérios: número de trabalhadores envolvidos, horas de trabalho, forma de divisão dos lucros, volume de lixo trabalhado, relação de horas trabalho/rentabilidade, adequação ao terreno, implantação, acessibilidades, acessibilidade dos caminhões /sistema de carga e descarga, trajetórias e deslocabilidades do lixo e de suas classificações. Avaliação dos equipamentos quanto à localização e características de uso (mesas, bancadas, cadeiras). Avaliação quanto à insolação, iluminação natural e artificial, ventilação. Condições de habitabilidade, conforto térmico, temperaturas, umidade, ruído, cheiros, odores, contato com material tóxico, normas de segurança com relação à maquinaria etc. Condições dos materiais utilizados na construção em pisos paredes (laváveis, antiderrapantes, estanqueidade, etc). Normas de segurança de incêndio, e principalmente saúde (ratos, baratas). Avaliação da posição dos espaços comuns como refeitórios, salas de atividades, escritórios administrativos, refeitório, em relação ao espaço de acumulação e manipulação do lixo. Paredes impermeáveis e laváveis, pontos de água e tomadas para fogão, geladeira, lavadoras, eletrodomésticos. Definição normativa quanto ao programa de necessidades básico (tipo; vestiários masculino, feminino, armários, duchas, bancos, etc.) refeitório, mesa e cadeiras, caixa d'água. Também, altura de luminárias, locais de aberturas de janelas, efeitos de ofuscamento, sugestões de colocação de equipamentos, formas de agrupamento e formas de estocagem dos material triado, melhores formatos das gaiolas e materiais constitutivos. Priorizar o deslocamento dos trabalhadores e das mercadorias no interior do galpão em detrimento da acessibilidade de descarga dos caminhões. Dar elementos arquitetônicos como rampas, montacargas em oposição a escadas que dificultam o deslocamento das cargas. Quando houver possibilidade de usar terrenos em desnível , entre outras coisas

Nossas estratégias nos Profetas
Desde o inicio, vimos que os problemas eram tantos que não daríamos conta somente com nosso conhecimento de arquitetura, e estamos constantemente procurando incorporar outros saberes oriundos do potencial da própria UFRGS como Agronomia, alguns professores que nos dão uma assessoria técnica. Buscamos a integração com outras Universidades que aparecerão para colaborar com os Profetas como a Ritter dos Reis, ONGs como o CAMP. Buscamos de mil formas estratégias participativas e integrativas junto aos próprios trabalhadores e coordenação dos Profetas. Realizamos uma Oficina de Mosaico ministrada pelo Bruno com os trabalhadores, num final de semana, tivemos que fazer almoço como forma de isca para eles irem, mesmo assim não foram muitos. Essa oficina também serviria para que os trabalhadores do galpão pudessem ter contato com o trabalho que se iniciava nos banheiros. Quem sabe a turma não se anima a fazer mosaico e participa do processo de melhoria dos espaços do galpão, que se começava pela iniciativa dos mosaicos do banheiro. No inicio do trabalho com os mosaicos e da reforma dos banheiros, alguns dos trabalhadores do galpão vinham participar. Preparavam a massa conosco, quebravam azulejos e fixavam os cacos nas paredes e pisos dos ambientes. Porém, a participação deles nunca foi intensiva, nem maciça. Os trabalhadores ganham por hora na mesa de triagem, separando o lixo. Para que eles pudessem se apropriar do processo das melhorias, da confecção dos mosaicos, propusemos fazer uma troca. Alguns de nós, um ou dois, foi para a mesa de triagem para compensar a falta de um trabalhador e para que esse que foi para o mosaico, não tivesse o ônus de ver reduzida sua renda na partilha.