04/03/2009


SACOLAS VERDES, SACOLAS LARANJAS


Fernando Fuão
Denis Beauchamp
ONG Ecosist’aime urbano

Tudo mundo concorda sobre os aspectos negativos da quantidade de sacolas de plásticos que são encontradas tanto na natureza quanto na cidade. Daí vem a pergunta: como poderíamos retirar estas sacolas de circulação?
Certamente não poderíamos eliminar-la de uma hora para outra.
Oitenta por cento da população porto alegrense reutiliza essas sacolas para colocar o lixo domésticos, ou simplesmente colocar-las fora.
A retirada das sacolas poderia causar uma ação contrária a proposta da Coleta Seletiva, uma vez que as pessoas ao invés de separar o lixo seco do orgânico, em duas sacolas, poderiam utilizar-se apenas do grande saco preto de lixo para dispor seus resíduos tanto secos como orgânicos, e acabar assim com anos de esforço da educação da reciclagem.
É certo que devemos eliminar as sacolas de plásticos, ou esperar as industrias produzirem as sacolas biodegradáveis em grande escala.
Mas enquanto isso não acontece propomos uma resposta mais gradual, não tão radical, mas de grande impacto ambiental educacional. Paradoxalmente, nossa proposta, ao contrario de eliminar-las, é mudar as cores dos sacolas de plásticos, transformando-as em duas cores paradigmáticas: a verde destinada a recolher o lixo seco e a laranja destinada a recolher a matéria orgânica.
A cidade de Porto alegre não tem, como em alguns outros países, containers distribuídos pela prefeitura e capazes de absorver no mínimo esses dois tipos de resíduos. E talvez se tivesse, não daria certo, devido ao grande numero de catadores que vivem e sustentam suas famílias a partir dessa atividade. Para fazer essa separação do lixo domestico a peculiaridade de cada sacola preenche perfeitamente esta função, a um baixíssimo custo. A mudança de cor somada a uma campanha de promoção ao reciclagem feita pelos supermercados, os grandes distribuidores, reforçaria esta proposta. Os supermercados, mais do que ninguém sabe o transtorno que representaria eliminar essas sacolas.
Vejamos outro importante detalhe: os porto alegrense recebem mais sacolas que a capacidade de usá-las, muitas delas acabam indo dentro de outras sacolas para o lixo. Os puxa-sacos estão cheios de caolhinhas. E pouco de nós tem o hábito de levar suas próprias sacolas, ou mesmo tem um carrinho de feira para fazer suas compras, isso certamente reduziria significativamente o numero de sacolas de plásticos que circulam por ai afora. Outra atitude seria, a exemplo de outros países que conseguiram reduzir em 95%, cobrar alguns centavos pelas sacolas, isso pouco a pouco forçaria os clientes a adotarem a utilização de sacolas não descartáveis de pano, bolsas ou carrinhos para suas compras.
Achamos que essa tentativa deveria ser experimentada nem que fosse em um só bairro de Porto Alegre, a rede de comerciante lentamente poderia adotar essa política, não, obviamente com a finalidade de lucrar com a venda dessas sacolas, mas de conscientizar do malefício ambiental que essas pequenas sacolas representam, ainda que elas possam ser recicladas.