18/08/2008




MOSAICO x AZULEJO
Bruno Euphrasio de Melo

Me contou como quem conta uma fábula, misturando o ocorrido
nesse dia vinte e dois com os trabalhos que realizamos nos banheiros, a metáfora do painel de mosaicos e do painel de azulejos. Logicamente com inclusões minhas de toda ordem, é algo mais ou menos assim: o painel de azulejos cobre com eficiência uma superfície a qual se deseja proteger. As peças vêem todas encaixotadas, igualmente dispostas numa ordem objetiva que pretende racionalmente ocupar menor espaço possível. A tarefa de assentamento das peças se faz de maneira rápida e com relativa agilidade. Num instante apronta-se o conjunto com todos os azulejos posicionados lado a lado, cumprindo eficientemente sua função primeira. Tanto faz essa peça em especifico estar aqui ou acolá. Cabem elas sempre em qualquer espaço, todavia com certa monotonia, peças não individualizadas, todas iguais e despersonalizadas no meio de semelhantes, nesse painel de comuns. Talvez seja impossível apontar de pronto a peça mais querida, a mais bem quista nesse conjunto. Todas tão iguais, produzindo tão eficazmente e assepticamente esse acabamento liso. O painel de azulejo se parece em muitos aspectos com o painel de mosaicos, contudo sem ser exatamente igual. Algumas nuances os distanciam fortemente. Trata-se ainda, no caso do mosaico, de peças cerâmicas como as do painel de azulejo, chegando igualmente encaixotadas. Pretendem igualmente realizar a mesma tarefa protetora de superfícies e de acabamento. Todavia as peças são inicialmente individualizadas e diferenciam-se a partir dum ato violento que gera peças de formas diversas. Esses muitos fragmentos são unidos numa suposta aleatoriedade, num painel onde cada parte deve encaixar-se às de seu redor. Prevalecem as simpatias cromáticas e geométricas, arrebatadoras do aparente acaso. Todas diferentes, todas com sua individualidade característica, nessa custosa tarefa de assentamento. Todas identificáveis em seu caráter e unidas nessa tarefa de proteção, indo alem da tarefa ordinária para transcender o simples acabamento. São como pinceladas, insubstituíveis, únicas e parte de tudo, inseridas numa uma beleza diferente e dinâmica. Cada qual inteira em si, todas juntas, todas um.